SÃO PEDRO

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sábado, 9 de março de 2013

TEXTO ENVIADO POR PALMIRA VILA CHÃ

A ceifa do centeio e do trigo


Em junho e julho meses do muito calor as famílias juntavam-se para fazer a ceifa do centeio e do trigo. Grupos de 20 ou mais pessoas, lá iam logo de manhã muito cedo de “gadanho” na mão em direção às “terras”.   Aí davam início à árdua tarefa da cegada do centeio, já com o sol “alto” e quente. As mulheres vestidas a rigor à época, com meias compridas, saias compridas, blusas com manga, para proteger a pele das “arganas” das espigas e do “restrolho” que “arranhavam” as pernas e os pés, lenço e chapéu na cabeça para proteger do calor abrasador que se fazia sentir. Os homens também vestiam camisa com mangas até ao punho, calças de sarja, meias de lã de ovelha para absorver o “suoor”, botas com borracha para evitar escorregar nos “regos”, e chapéu.
Pelas nove horas era servido o “mata bicho” farto para que os cegadores ganlhassem força para árdua tarefa que os esperava, constituindo normalmente por bacalhau desfiado com cebola e azeitonas, presunto, salpicão, bacalhau e peixa frito, “filhoses”, (os mais remediados até queijo “punhão”), pão centeio e sem esquecer o pipo de do vinho e também a água. Assim decorriam os trabalhos debaixo de sol ardente. Alguns homens com mais experiência atavam os molhos do “pão” enquanto as mulheres cegavam. A dona da casa preocupava-se em refrescar os cegadores. Mandava normalmente uma pessoa mais jovem  a que davam o  nome de “rapaz do pipo”distribuir pelos trabalhadores, refresco e vinho. Para as mulheres refresco de água com aguardente e açúcar ou água com vinagre e açúcar. Para os homens vinho, trazido num “pipo” de onde todos bebiam. À uma hora da arde era servido o “jantar”, composto por um bom caldo, cordeiro guisado no pote, batatas cozidas, “arroz de irbanços”, o vinho, em quantidades abastados para que os cegadores ficassem bem compostos. E assim no decorrer do dia o ambiente era alegre, mulheres e homens cantavam “modas” próprias para este dia “a cegada”. No final da jornada a dona da casa mimava os cegadores com filhoes, “jerupiga”, vinho e aguardente para que queria.
E assim… “acababa” o dia muitas vezes ao som da concertina e do bailarico.

Sesmil, março de 2013
Palmira Vila Chã

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